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Opinião/Reflexão/Crônica

TURISMO, QUANDO LEVAREMOS A SÉRIO?

Publicada em 28/01/20 às 22:35h - 1079 visualizações

Paula Francinete Rubens, presidente do Instituto Geográfico e Histórico de Petrolândia- IGHP.


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TURISMO, QUANDO LEVAREMOS A SÉRIO?
Igreja do Sagrado Coração de Jesus, do povoado Barreiras/Petrolândia/PE, encoberta pelas águas da Barragem de Itaparica.  (Foto: do Blog de Assis Ramalho)

Uma nota, de 13.05.1983, do Jornal do Commercio (RJ) como o título “ Turismo no São Francisco”, relata a primeira viagem técnica do economista Ruben Vaz da Costa, então presidente da CHESF, às obras do complexo hidroelétrico de Paulo Afonso.

Na ocasião, diz a nota, o economista estimula os prefeitos de Paulo Afonso e Petrolândia a desenvolverem o turismo da região, uma vez que, segundo ele, já contavam com razoável infraestrutura básica e belezas naturais, agora também com as barragens como grandes atrativos.

Passados 37 anos quase nada foi feito nesse sentido. Paulo Afonso, ainda que timidamente, levou a ideia adiante, mas em Petrolândia o conselho não foi ouvido. Perdeu-se a oportunidade, com a mudança da cidade, de, por exemplo, garantir que trechos da cidade submersa fossem mantidos intactos e servisse de atrativo a mergulhadores; de exigir da CHESF o acesso à Usina Luiz Gonzaga para visitação turística e a construção de um memorial contendo a história da cidade e seus preciosismos achados arqueológicos de mais de 7.000 anos a.C., hoje dispersos nos museus do Recife, Rio, Bahia e Sergipe, entre outros. A entrada principal do escritório central da CHESF, em Recife, por exemplo, é adornada por uma das pedras pré-históricas do nosso Letreiro, enquanto em Petrolândia nada ficou, nem foto.

Em 2019, nova oportunidade, o Secretário de Turismo é da região e toma posse valorizando as belezas naturais de Petrolândia destacando-as na mídia. A ilha de Rarrá ganha os jornais e revistas de turismo enaltecem suas belezas, em consequência o interesse dos turistas aumenta. Mas se restringe a visitas à ilha e esparsas iniciativas de trilhas no Serrote do Padre. Sem atrativo nenhum a cidade em si não desperta interesse dificultando a permanência do turista.

Um lugar rico em cultura indígena e quilombola, visitado por excursões desde a Comissão Hidráulica do Império, dois presidentes da República, coluna Prestes, Lampião e o Poeta João Cabral; palco de experiências importantes para o país como a estrada de Ferro, a primeira experiência de melhoramento das espécies realizadas pelo Comissão Técnica de Piscicultura do Nordeste, nos anos 30; primeiro projeto modelo de irrigação federal, no anos 40; uma cidade duas vezes planejada, tantos acontecimentos importantes e “sui generis” cuja história quase ninguém conhece. Nada à mostra. Não temos sequer um memorial.

Manifestações tradicionais da nossa cultura popular, como o reisado, pastoril e São Gonçalo foram esquecidas e o projeto da orla com píer, quiosques de praia e uso do rio como lazer nunca saiu do papel. Ainda temos cavernas não exploradas no serrote do Padre, com potencial de atrair o turismo de estudo, pois provavelmente ainda escondem tesouros arqueológicos, que nunca receberam a devida atenção do poder público e são dadas como submersos pela comunidade acadêmica. O que está faltando?

Como pode se constatar, Petrolândia tem recursos naturais e história de sobra. Com tantas riquezas, até quando vamos continuar perdendo oportunidades? O que estamos fazendo para desenvolver essa indústria tão capaz de gerar emprego e renda? O que o poder público municipal tem feito além da oferta de cursos do Sebrae? Quando os empresários locais vão resolver investir na profissionalização de seus atendentes? Quando levaremos o turismo a sério.

Por Paula Francinete Rubens, presidente do Instituto Geográfico e Histórico de Petrolândia- IGHP.




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