O governador Rui Costa anuncia a conclusão da licitação com o consórcio vencedor, em processo de legalização, para a construção da ponte Salvador-Itaparica. Proclama a assinatura do contrato para fevereiro e prevê a conclusão da obra em cinco anos. A dinamização do recôncavo baiano serão favas contadas. Vislumbramos, com absoluta certeza, um novo descobrimento da Bahia. Acreditamos no governador que desencantou o metrô de Salvador. Enxergamos lisura e comprometimento nas suas palavras. Não levamos em consideração a sua procedência política; para melhor ou para pior. Após anos de inércia, a opção é confiar.
O governador da Bahia, quarto estado da federação em população, sexto em economia e décimo-oitavo em arrecadação, onde 90% dos habitantes ganham até dois salários mínimos, anda acossado pelos inconformados com a proposta de alteração do sistema previdenciário do estado motivada, segundo dados oferecidos pelo governador, pela queda conjuntural da arrecadação, fruto da crise econômica por que passa o Brasil. O sistema de aposentadoria do setor público causou um déficit no orçamento de 4,3 bilhões de reais em 2019.
Rui Costa não vê saída senão apertar o cinto. Prefere baixar o déficit previdenciário público, causado por apenas 10% da população, a sacrificar os programas sociais e a assistência médica. Poderia ter argumentado que o corte de despesas, parcela de sacrifício sem dúvida nenhuma imposta aos servidores estaduais, àqueles 10%, poderá ser rescindido com a volta do crescimento. É o que fazemos quando temos redução na nossa renda individual mensal. Poderia ter ido mais longe acrescentando que outras vantagens, além da reposição dos cortes, certamente virão assim que a arrecadação chegue mais perto do nível de arrecadação dos países desenvolvidos.
Muitos poderão discordar da nossa linha de raciocínio. Mas certamente não poderão negar que quase todos se recusaram a enxergar o precipício a que nos dirigíamos nos últimos anos. Preferiram tocar a viola e curtir a festa. Abdicaram da possibilidade de exercer o direito de pressão. Uns poucos clamaram no deserto. Isto posto, o que explicaria outrossim a postura – inevitável – de Rui Costa, de orientação esquerdista, em ano de eleições, e do Partido dos Trabalhadores?
O Colégio estadual Odorico Tavares, localizado em uma das áreas mais nobres de Salvador, metro quadrado bastante valorizado, atendia apenas 280 alunos. Havia ociosidade de vagas devido à queda da taxa de natalidade na Bahia. O gestor, demonstrando a capacidade de bem discernir do governante preconizada por Platão em A República, propôs a venda do imóvel (já aprovada pela Assembleia Legislativa). Os 50 milhões de reais arrecadados garantirão a implantação de nove novas escolas na periferia de Salvador equipadas com ar-condicionado, quadras de esportes e equipamentos outros. O movimento de resistência ao “fechamento” da escola rapidamente feneceu e o governador ganhou as palmas da maioria silenciosa da Bahia.
Alunos de “baixa renda” das quatro universidades estaduais, qualquer que seja a cor da pele, recebem ajuda de custo do governo do estado no valor de R$600,00 e bolsas de estudo de reforço escolar são oferecidas nas escolas para alunos com nota superior a 8,0 (oito) em português e matemática, valorizando o esforço pessoal. Há que ser louvada a capacidade de discernimento do governador da Bahia. Poderíamos afirmar existir o amor à verdade, também preconizado por Platão, consubstanciado quando ele procura bem aplicar o dinheiro arrancado do nosso bolso em forma de impostos.
Para concluir, respeitando a fronteira do ufanismo e da pieguice, cremos estarmos autorizados a louvar a postura do atual governador da Bahia que dá prioridade à expansão da infraestrutura do estado e à implantação de policlínicas e escolas dignas para os baianos menos favorecidos.
Francisco Nery Júnior
de Salvador para o site www.folhasertaneja.com.br
P.S. O governador faz um apelo [dramático] aos pais no sentido de instarem os seus filhos a preservar o patrimônio escolar tão duramente conquistado. Ele - como nós outros - não entende que vultosa soma de recursos seja empregada ANUALMENTE, isto é, todo ano e a cada 12 meses, na recuperação das nossas escolas. Tais recursos poderiam ser dedicados para a implantação de mais clínicas e mais escolas.