O Congresso Nacional acaba de aprovar mudanças na legislação que, a nosso ver, dificultam o trabalho do aparelho de segurança nacional. O combate à criminalidade e à violência no nosso país, violência cada vez mais intolerável, fica prejudicado. A decepção de juízes, promotores, delegados e policiais é indisfarçável. A banda podre da nação ganhou mais uma batalha. A violência cresce em todos os cantos do país.
Já não bastava o esvaziamento da família, da escola e da igreja. Procura-se agora o enfraquecimento do sistema de combate a tudo que é contra a lei votada por aquele mesmo Congresso. Conseguiram o esvaziamento da família. Tramaram a desmoralização da escola. Impuseram o escanteio da igreja. Agora tratam de enfraquecer o esforço do combate à violência, à roubalheira e à quebra da lei.
Ainda bem que temos heróis. Como Dom Quixote, investem contra o moinho de vento. O ministro Sérgio Moro elabora um conjunto de alterações legais arrumadas em pacote e envia para o Congresso. (Não devemos nos esquecer que estamos em uma democracia.) Do lado do Supremo Tribunal Federal, o ministro Alexandre de Morais envia sugestões também para o Congresso. E nas ruas os nossos policiais pacientemente enfrentam os bandidos nem sempre em condições de igualdade de fogo e de segurança.
Que dizer de um criminoso de morte que olha para o delegado rindo em tom de deboche? Que pensar de um aluno que destrói o patrimônio escolar desprezando a presença do professor? Que achar de uma jovem que se mancomuna com o namorado para matar os pais a marteladas ou de um casal de senhoras que assassinam os pais e o irmão de uma delas a pauladas e incineram os corpos dentro do veículo da família em uma estrada deserta? Onde o poder coercitivo da lei? Onde a sanidade dos nossos representantes?
Temos representante no Congresso e podemos estar escrevendo para ele. Somos uma das 5.570 cidades do Brasil. Também sofremos com a impunidade dos criminosos do nosso país. Como no centro de Lisboa, em um bem grande placar: “Cadeia para quem endividou o país”, bem poderíamos dizer: “Cadeia para quem procura enfraquecer as nossas leis visando à impunidade dos corruptos”.
Quanto à legitimidade da autoria da matéria, o autor já foi roubado dentro de transporte coletivo e já teve uma corrente arrancada do pescoço em Salvador. Em Paulo Afonso, já teve o alojamento no Acampamento invadido enquanto dormia e a moto depenada na varanda da casa no Bairro Amaury Menezes.
O cerceamento do trabalho de juízes, promotores, delegados e policiais quando a linha gráfica da violência sobe no Brasil é, no mínimo, anacrônico.