A chegada do coronavírus escancarou ao mundo gestos de solidariedade antes impensados, leva a reflexões sobre a importância da nossa presença nesta terra e ao questionamento sobre o valor do TER.
Para que estamos aqui? Para esnobar conhecimentos e riquezas materiais, ignorando os que dormem sob as marquises e debaixo de pontes? Para compartilhar o muito que se tem com os que não têm nada?
O apego às riquezas, às coisas materiais, o acúmulo de tesouros e mais tesouros serve mesmo para quê? Em muitas situações, também expostas pelos canais de tv e pelas redes sociais, servem para desagregar ainda mais as famílias que brigam entre si para ter mais e mais...
Nunca esqueço do comunicador Gilberto Leal que, na busca de apoio para o Pastoril de Natal, nas festas natalinas da Avenida Getúlio Vargas, apelava aos endinheirados do comércio de Paulo Afonso, nos idos dos anos 60 e 70, e dizia: “Minha gente, pra que vocês guardam tanto dinheiro? Não esqueçam que mortalha não tem bolso nem caixão tem gaveta!!!”
Mas é o que continuamos vendo em todos os lugares: alguns com tanto que nem sabem mais o que fazer e outros mendigando um pedaço de pão...
O coronavírus me fez conhecer uma declaração impactante de uma moça, riquíssima, de família milionária, de banqueiros, que perdeu o seu pai, dono de um banco com centenas de agências espalhadas pelo mundo e que acabava de morrer por esse vírus. E ela dizia, ao lado do caixão fechado do pai ultra-milionário:
- “Somos uma família milionária e meu pai morreu buscando uma coisa que é gratuita: o ar. Morreu sufocado, sozinho, em um leito de UTI. Esqueça o dinheiro, fique em casa.”
Há poucos dias vi, em um programa de televisão a história de uma jovem senhora, frequentadora da alta sociedade, mostrando suas coleções de roupas, sapatos e bolsas. Dezenas! Todas peças de grifes caríssimas, importadas... E de custo individual incrível, cotadas em dólar ou euros e algumas bolsas até guardadas em cofres por que o seu preço é de 200, 300 mil reais. Uma bolsa.
E, novamente me lembro de Gilberto Leal...
Nesse mundo, como também o foi em outros tempos da humanidade, o apego às coisas materiais tem transformado pessoas que se acham acima de todos e até das leis em gigantes de pés de barro... Um vírus invisível a olho nu o iguala ao humilde pedinte da esquina...
Também, ao longo da vida, aprendemos ou somos induzidos a andar carregando imensas bagagens não físicas. Imensas e pesadas bagagens na alma...
Sobre isso, a urgente necessidade de nos livrarmos de tantas bagagens desnecessárias e inoportunas, estou relendo o livro Aliviando a Bagagem, de Max Lucado (Editora CPAD, 6ª edição – 2004), uma importante reflexão sobre o Salmo 23 da Bíblia dos cristãos.
Nesse domingo da ressurreição, achei importante transcrever um texto desse livro, compartilhando os seus ensinamentos com os meus leitores. (Professor Antônio Galdino)
Aliviando a Bagagem, de Max Lucado (páginas 5 e 6)
“Você também não é conhecido por carregar alguma bagagem?
Provavelmente, você o fez esta manhã. Em algum lugar entre o primeiro passo ao sair da cama e o último passo ao sair pela porta, você agarrou alguma bagagem. Você caminhou até a esteira rolante e agarrou a carga. Não se lembra? É porque você fez sem pensar. Não se lembra de ter visto o terminal de bagagem? É porque a esteira não é aquela do aeroporto: é a da mente. E as malas que carregamos não são feitas de couro: são feitas de encargos.
A valise de culpa. Um saco de desgosto. Você acomoda a grossa sacola de fadiga sobre um ombro, e pendura a bolsa de aflição no outro. Adiciona uma mochila de dúvidas, mais a mala postal noturna de solidão e um baú de temores. Logo você estará arrastando mais trastes que um carregador. Não admira que você esteja tão cansado ao final do dia. Puxar bagagem é exaustivo.
O que você estava dizendo a mim, Deus está dizendo a você:
“Arrie a carga. Você está carregando pesos que não tem de suportar”.
“Vinde a mim”, Ele convida, “todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mateus, Capítulo 11, versículo 28).
Se nós lho permitirmos, Deus tornará mais leve o nosso fardo. Porém, como permiti-lo? Posso convidar um velho amigo para nos mostrar? O Salmo 23.
O Senhor é o meu pastor;
nada me faltará.
Deitar-me faz em verdes pastos,
guia-me mansamente às águas tranquilas.
Refrigera a minha alma;
guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome.
Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte,
não temeria mal algum,
porque tu estás comigo;
a tua vara e o teu cajado me consolam.
(Salmo 23 – versículos 1 a 4)