Antes, uma notinha da Redação:
Em tempo de pandemia do coronavírus, tem-se visto por aí, em jornais, TV, revistas especializadas e científicas, quase sempre em linguagem técnica ou um tantinho ajustada à realidade de cada lugar, descrevendo o “bicho”. Aqui pra nós e pro resto do mundo, nada melhor que conhecermos esse invasor do mundo e destruidor de vidas, com a linguagem que os sertanejos conhecem de có e salteado, como se diz nos terreiros das roças, no meio do mato, no encontro de repentistas no barzinho mais simples desses arrabaldes, desses sertões... Então, vamos conhecer esse tal de coronavírus, apresentado pelo filho de Manoel X100 e D. Aretuza, o colega de infância nestas terras pauloafonsinas, chamado Ésio de Siqueira Alves.
CORONA – BESTA FERA INVISÍVEL
(cordel de XISQUEIRA)
Nosso mundo pega fogo
Com um vírus se alastrando
Tomou conta do planeta
Vai depressa se espalhando
Dizimando muita gente
O danado é bem potente
Nosso planeta arrasando
Essa peste se alastrou
Em todo lugar se amoita
Vem matando muita gente
É uma fera muito afoita
Atinge o novo, o ancião
Ataca sem distinção
Pelo mundo a besta açoita
A estatística mais lúgubre
Se pode presenciar
A negra morte faminta
À vida vive a espreitar
Para saciar sua fome
Não é fera que se dome
Só Deus pra nos livrar
É ameaça velada
Que essa praga faz à vida
Não está tendo limite
Sua fome é desmedida
Tá trazendo muita dor
Sua fúria é um terror
Cada açoite uma ferida
Ela age como demônio
Mata de noite e de dia
Covarde e traiçoeira
Difusora da agonia
Demoníaca e feroz
Monstruosa e atroz
Matar é sua mania
Besta fera sem limite
A todos aterroriza
Foi solta pelo demônio
Na terra se enraíza
Se associou com a morte
Devora o fraco e o forte
E a vida banaliza
O Planeta está em pânico
Está desacelerado
Quase nada funciona
Tudo está ameaçado
A sombra negra ameaça
O que se vê é a desgraça
O humano destroçado
O corona é maldição
A sua fome é voraz
O sofrimento é horrível
A sua sanha é contumaz
À vida impõe sofrimento
Sua volúpia traz tormento
Só a morte lhe apraz
Impõe ao homem cabresto
E vive a lhe perseguir
Invisível, sorrateira
Impede a vida seguir
Com seus afiados dentes
Feito presas de serpentes
Para a vida extinguir
O homem está ferido
Luta com o impossível
Uma praga persistente
Que deixa um rastro terrível
A ciência acionada
Toda arma é usada
No combate ao invisível
E o homem se precavendo
Pra o estrago consertar
Luta em laboratório
Para a vacina criar
Aparece o charlatão
Nenhum traz a solução
Para essa peste curar
Vive num mundo invisível
Seu planeta é pavoroso
Ser reles, vil e infame
Funesto e monstruoso
Sua sanha incontinente
Devora o mau, o inocente
Deixa o clima assombroso
Corvo travestido em besta
Da carne se alimenta
Espreita as suas presas
Destroça e arrebenta
Destrói em progressão
Vítimas em profusão
Mata e não se contenta
O cão do sétimo livro
Assombra e traz a dor
Toca a trombeta da morte
Faz da vida um terror
Rouba da vida energia
Ignora a biologia
Mata com muito furor
As mortes se multiplicam
Continua o pesadelo
O atroz vírus medonho
Dissemina o flagelo
O ser humano assombrado
É morte pra todo lado
Verdadeiro desmantelo
Esse vírus monstruoso
Tem que parar de matar
Voltar para seu inferno
Onde deve se hospedar
Contaminar o capeta
Morrer na sua proveta
Nunca mais atanazar
Esio de Siqueira Alves
(XISQUEIRA)
30 DE ABRIL DE 2020
Muito bom Esio. Você utilizando-se do seu dom poético para nós esclarecer sobre esse nefasto vírus complicador da vida humana na terra. Que Deus nos proteja. Um grande abraço. Zacarias Queiroz Vilar.