A morte de Fernando Lucas, ocorrida ontem por septicemia, aos 73 anos, nos torna todos um pouco mais insignificantes, dada a grandeza de sua simplicidade, de sua generosidade, de sua quase ingênua disposição para o bem, para a família, para os amigos, para o mundo.
Aí por volta dos anos 1968-69 nos conhecemos, e fizemos do Royal Drinks nosso quartel general para discutir a vida, a música e a poesia. Com muita cerveja, é claro. Depois nos separamos, só voltando a nos ver quando, já aposentado do Banco do Brasil, voltei a Paulo Afonso para retomar as velhas discussões com os velhos amigos, em 2016.
Mas não tive tempo para discutir com Fernando, novamente. Não pude lhe dizer que estive em sua cidade natal, Tefé, em 1999, e lá dele me lembrei com saudade. Não tive tempo para lhe perguntar por Lucia. Não tive tempo para falar dos filhos. Não tive tempo para lhe pedir novos acrósticos. Não tive tempo para chorar em seu ombro sobre o sentido da existência, sobre a miséria do mundo, sobre as ilações, as ilusões, as desilusões da vida.
E porque sempre deixei para depois, já não há o depois - Fernando se foi ontem, e eu, e vocês, e todos os que ficamos por aqui nada mais poderemos dizer ou fazer a ele ou por ele, exceto, quem sabe, talvez pedir que nos ouça e nos diga, de onde estiver, por fim, enfim, se a morte é o fim, ou se o fim é o esquecimento...
Adeus, Fernando.
Edson Mendes
13/7/2020
Emocionante. Sem mais palavras para expressar o que senti, ao ler essa crônica. 👏👏👏👏👏👏
Eu não conheci Fernando Lucas. Mas segundo meu amigo irmão Edson Mendes devia ser um grande poeta. Mas no próprio texto diz não podemos deixar para amanhã o que podemos fazer hoje. O amanhã a Deus pertence. Edson se queixou de não ter dado um abraço no Fernando e bater aquele papo relembrando os papos com cervejas e poesia no bar do Royal Drinks. Que o Senhor Deus o receba com seus anjos no reino dos céus.9