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Opinião/Reflexão/Crônica

GUERREIRA SERTANEJA - O conto da Ancestral

Publicada em 03/04/21 às 13:21h - 694 visualizações

Evelyn Ferreira


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GUERREIRA SERTANEJA - O conto da Ancestral
 (Foto: Imagem ilustrativa - )


GUERREIRA SERTANEJA 

 Eu nasci do ferro, e da santidade, santa Ana.

Quase consigo sentir a angustia que veio antes de mim

A agonia de estar presa em si mesma, não poder

Viver está para além de existir, é necessário resistir.

Eu não tenho métrica, forma ou conteúdo,

Não agrado e não pretendo agradar.

Minhas canções não encantam seu coração e minhas mãos não tecem o calor.

Minha língua é uma lâmina afiada, pronta para atacar

Na ponta dos meus dedos... a arma mais letal que eu poderia usar

Palavras

Vocês nos têm a tanto tempo...

Nos usam, calam, queimam, entram, matam, roubam nossa existência.

O medo é o pai da opressão

Eu vou rasgar as mordaças, romper as amarras, quebrar minhas correntes, chamar por minhas ancestrais, lutar como guerreira, minha espada está em chamas, assim como minha alma.

Eu sou minha e se isso não for algo bom, ao menos é algo legitimo.

E quando a morte me tragar, levando meu corpo flagelado pela vida... outras virão, outras virão, porque somos muitas e despertamos! 

O conto da ancestral 

Olhou para os céus e pediu a sua santa de devoção que a guiasse.

Sozinha, menina ainda, marchou como uma guerreira em campo de batalha.

Pés encaliçados, nó na garganta, alma rachada, assim como a terra em que pisava. A vida que carregava no ventre a fez fugir, navegar pelo terrível sertão.

Estava agora despida de toda e qualquer proteção. Ana, órfã de mãe e pai; violada pelos infortúnios da vida e pela crueldade humana, começava a trilhar o caminho de sua labuta.

Eu, sua bisneta, fruto de sua força e sangue, escolhi lhe dar voz.

A história da mulher que lutou contra todo tipo de preconceito e segregação deve ser escrita, narrada e contada, como símbolo de sua força e como forma de lhe honrar.

Ana agora descansa, mas as filhas de sua luta estão espalhadas por todos os lugares.

Vou tecer os fios dessa história...




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4 comentários


Jaime Jackson

03/04/2021 - 16:52:56

Com relação ao comentário anterior.O poeta e amigo a quem me referi chama-se: Édson Mendes.Abraco de Jaime Jackson Apenas um Artista.s


Jaime Jackson

03/04/2021 - 16:46:36

Realmente e lindo demais.parabens escrita maravilhosa.Merece meus aplausos de pé.Como diz meu amigo e poeta as palavras estão lá quietinhas para ser usadas.Mas se não for bem colocada elas podem se zangar com você e até dominar.Portanto você as usou bem.Abraço .Jaime jackson


Marcos Antônio Pereira de Lima

03/04/2021 - 14:11:03

Bravo!Excelente!Fiquei maravilhado com o texto que li. Parabéns, Evelyn.


Luiz Eduardo

03/04/2021 - 13:47:45

Que texto maravilhoso. As palavras dançam a canção da resistência... e sem ela não há existência. Você existe minha cara...vc resiste! Parabéns.


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