A discussão de hoje, que muitos pensam ser emergente, remonta aos primórdios. Machado de Assis e Joaquim Nabuco defendiam pontos de vista diferentes: o presidente negro desejava a Academia para os escritores, enquanto o abolicionista pugnava pelo exemplo francês, aberto também aos notáveis das artes e da ciência. Prevaleceram ambos - desde que tenha publicado um livro, qualquer um pode ser eleito. O apodo "Casa de Mãe Joana", não sendo um argumento, é uma grosseria. O argumento da decadência, não sendo uma grosseria, é uma impertinência, vistos os fatos: em 1913 elegeu o cientista Oswaldo Cruz, em 1931 o inventor Santos Dumont, em 1970 o general Aurélio de Lyra Tavares, em 1990 o cirurgião Ivo Pitanguy, em 2003 o político Marco Maciel e em 2018 o cineasta Cacá Diegues. A atriz Fernanda Montenegro é apenas a 9a. mulher na ABL, desde Rachel de Queiroz em 1977. O músico Gilberto Gil (21 votos), que vence hoje o escritor Ricardo Daunt (0 votos) e o poeta Salgado Maranhão (7 votos), e que tem quatro livros publicados, ocupará a cadeira que já pertenceu, 51 anos atrás, ao general Adelita... E não é demais lembrar que o fundador Graça Aranha, contrariando o próprio estatuto, só veio a publicar seu primeiro livro, Canaã, em 1902! O mesmo Graça que, acusando-a de "passadista e dotada de total imobilismo literário", dela se afasta em 1924! Vê-se, assim, talvez, que nada há de novo no front acidental... Tudo isso é significativo? É. Por quê? Ora, penso que antes do combate deve haver o debate. “Ne sutor ultra crepidam”, o limite será sempre o que se sabe: antes da clava e do punhal, fatos e argumentos. São as ideias, e não as pessoas, que devem ocupar as arenas. E fico por aqui, na companhia de Apeles, observando a paisagem - é mais prudente ouvir primeiro os contendores, antes de empunhar as armas...
Edson Mendes
ALPA – Cadeira 26
17/11/2021
Não entenderam a mensagem...
Quando cheguei a Santos conheci um centro espírita "Casa da mãe Joana".Fiquei algum tempo frequentando lá depois percebi que era tudo mentira. Ninguém recebia nada espírito.Quanto ao escrito por meu amigo e irmão Edson Mendes, ele escreve com muita arte pois as palavras já existe e ele transporta Pará o papel como num passe de mágicas.Foi ao passado buscou vários escritores que realmente mereceram seus destaques.Hoje recebem prêmios na academia de letras músicos artistas pois na minha opinião o lugar Pará eles receberem prêmios é no palco. E tenho ditoJaime jackson
Muito boa essa intervenção, acadêmico Isac Oliveira, da ALPA. A preservação da pureza da última flor do Lácio é muito importante, sobretudo por acadêmicos que se utilizam da palavra como instrumento de comunicação, em nível elevado. Claro que a língua é dinâmica e viva o que permite, na linguagem coloquial, na conversa descontraída, o uso de expressões menos buriladas. Mas, quando nos expressamos, na linguagem escrita é muito importante preservar esses padrões mais elevados da língua, mormente quando produzimos textos mais cuidadosos até porque esses nossos escritos são o documento escrito do que somos e do que fazemos com nossa Língua Portuguesa.
Meu querido Edson Mendes, lendo o seu texto, confesso que é impossível não sentir grande prazer, não só pelo conteúdo informativo, mas, pela escorreita forma de escrever, aliás, um texto escrito com o devido apreço a língua é o que se espera de um acadêmico, afinal, somos formadores de opinião, somos os guardiões das letras, não sendo assim, de fato, dar-se-á "A decadência da casa de mãe Joana".