Caro amigo J. É bom receber notícias suas!
E também é bom saber que continua preocupado com o processo político brasileiro.
Embora concorde com o que diz, penso que essas turbulências são típicas da democracia, e que do confronto ideológico também nascem soluções para o avanço da sociedade.
Para esse avanço, contudo, é preciso que haja consenso – mercadoria rara quando prevalece o desejo de sobrepujar pela força, e não pelo argumento.
Os donos da verdade são criaturas perigosas, porque não consideram o bem comum e sim o particular. O combate hoje substitui o debate, por isso vejo como difícil a superação, ainda durante o curso de minha vida, dessa infeliz conjuntura.
As diversas elites, progressistas e conservadoras, fazem, mas desfazem. Não há um plano, exequível, para os destinos da nação. Os avanços do arcabouço coletivo são tolhidos, em retrocesso, pelos interesses e privilégios de grupos e indivíduos.
Nada há de novo nessa constatação desde o princípio do mundo – mas o novo, aqui, já antigo em nossa perspectiva nacional, é que o peso de nossos entraves compromete a velocidade de nosso avanço.
Há ilhas de excelência empreendedora e tecnológica, mas como acelerar sob o peso de nossas dificuldades estruturais em educação, saúde, saneamento, segurança, transporte?
Não há soluções à vista para, por exemplo, as condições desumanas do sistema carcerário, a qualidade da instrução pública, o desrespeito aos pedestres, o abuso predatório dos espaços públicos...
Enquanto isso, e talvez por isso, nos elevadores, nas praças, nas ruas, maltratamos a qualidade de nossas vidas. Não há um esforço visível, em nosso comportamento, pela busca de empatia, gentileza, bons modos, urbanidade, respeito... Os bons exemplos vêm de cima. Os maus, também.
Como em todo processo educativo, a formação e o desenvolvimento da sociedade exigem a responsabilidade dos líderes. E também sua responsabilização.
Precisamos nos encontrar, povo e governo, para, mais do que viver, conviver. Precisamos nos encontrar e reencontrar com a política, e também com as artes, a cultura, a família, a amizade, o trabalho, o lazer, o sonho, a esperança.
Precisamos do encontro, amistoso e honesto, entre pessoas que procuram enxergar, nos 360º do mundo, o complemento e o suplemento, a ética e a estética, o pão e a fantasia.
A coesão social pressupõe a higidez do todo, com todas as idiossincrasias do particular. Se, em todos os agrupamentos humanos, diz a ciência social, encontramos os fenômenos do conflito, da competição, da assimilação, da associação e da cooperação, como conciliá-los favoravelmente?
Carece, a coesão, dos valores, dos princípios, dos símbolos, das normas e das sanções - sobre os quais atuam as Lideranças com o propósito de união e prosperidade.
Na ausência desse proposito, é bom que se questione por que nós, o povo, nos recolhemos à vida privada, se o maior bem é o bem comum?
Enquanto, no Congresso Nacional, não houver as bancadas de Educação, Saúde e bem-estar social, estaremos sempre à mercê das promessas de campanhas. A LUZ DO CONHECIMENTO LIBERTA!!! Parabéns pelo belo texto. Abraço QUÂNTICO!!