Mês de Setembro e, antes do fim, começa a nos apresentar a uma paisagem sertaneja das mais belas, que se repete todos os anos. Ainda é setembro que traz a Primavera e com ela, o ouro das caraibeiras. Com a Primavera, comemorou-se o Dia da Árvore, abre-se, oficialmente, o circuito das festas da natureza que, por estas terras sertanejas costuma se vestir do brilho, do ouro das flores das caraibeiras.
Por esses meses o grande artista, criador dessas belezas, esparrama cores por todos os lados. O próprio ipê, aqui chamado de caraibeira, ganha outros tons, muitos, pelo Brasil a fora. Em qualquer tom, sempre belo.
Em Paulo Afonso, as margens das estradas, dos rios, também se enfeitam do amarelo ouro da caraibeiras que, nas ruas do centro, espalham o seu ouro no asfalto negro das avenidas num contraste que dá poesia.
Este ano, a Primavera chega num momento de mais relaxamento das pessoas que vêem a pandemia menos rigorosa e já permitindo alguns encontros e a oportunidade se se ir às ruas, às praças, talvez só para admirar, fotografar a paisagem que se mostra mais colorida sinalizando para a renovação da vida.
“Vê, estão
voltando as flores
Vê, nessa manhã tão linda
Vê, como é bonita a vida
Vê, há esperança ainda
Vê, as nuvens vão passando
Vê, um novo céu se abrindo
Vê, o sol iluminando
Por onde nós vamos indo...”
Quando Paulo Soledade compôs essa canção em 1961, talvez não imaginasse que ela se tornaria uma espécie de hino da Primavera, na voz de Dalva de Oliveira, Helena de Lima, Emílio Santiago e outros grandes intérpretes. Talvez não imaginasse que versos tão simples pudessem nos apresentar com tanta profundidade um mundo de beleza que nos rodeia nesses tempos de Primavera, embora ainda haja quem olhe e até admire, mas não enxerga ali a mão do Criador.
E nessa viagem pelas terras pauloafonsinas, para onde nos levam as flores das caraibeiras?
Se andamos pelas ruas do antigo Acampamento da Chesf, elas nos recebem em todos os lugares. Os que vão para o IFBA, antigo COLEPA, ou para o CPA, encontram essas ruas e esses prédios ornados com os ramos amarelos das flores das caraibeiras ou craibeiras, que se esparramam em todas as direções, desde o caminho dos escritórios da Chesf, dos bancos, do Ministério Público, do Memorial Chesf, do Hospital.
E são tantas essas árvores de flores amarelas que até uma grande rua, desde os tempos do Ginásio Paulo Afonso, nos idos dos anos de 1950, já ostentava esse nome: Rua das Caraibeiras... É como chamamos no Nordeste o ipê amarelo que se espalha pela Brasil...
Se o destino é a Rua do Gangorra, toda ela é um espetáculo de vivas cores amarelas. No alto do pequeno morro, onde se ergueu a Igreja de São Francisco de Assis, toda de pedras, as caraibeiras no se entorno parecem abraçar essa capela do santo que defendia a natureza e os animais. Mas as caraibeiras fazem questão de acompanhar os passos do caminheiro ao longo de toda a rua até a Casa de Hóspedes da Chesf que também abraçam.
Se o caminho é para o lado do Belvedere, o monumento ao primeiro Decênio da Chesf, construído pelos operários chesfianos em 1958, há que se passar pelo Lago Aurora, pelo Balneário e pelo Lago do Touro Sucuri, um tanto abandonado, mais ainda belo pelas caraibeiras que lhe enfeitam as margens. Em frente ao Corpo de Bombeiros, os galhos das caraibeiras, dos dois lados da pista, se entrelaçam e fazem um túnel de flores para receber os que chegam por ali.
As caraibeiras estão também abraçando o Obelisco, o marco inicial da Barragem Delmiro Gouveia, a primeira construída em Paulo Afonso. Se o passeio te leva pela Avenida Maranhão, haverá caraibeiras na tua passagem. Se do Obelisco o destino foi o IFBA ou o CPA, Casa da Diretoria da Chesf, Bairro Centenário ou Avenida da Amizade, por ali estão as caraibeiras do Clube dos Velhinhos e, mais adiante, as da Vila Militar para que se chegue à Avenida Apolônio Sales.
Ali, logo no início da Avenida está uma velha caraibeira, bem ao lado do Brasão do Município feito de pedras portuguesas e, ao seu redor muitas outras enfeitando a Praça das Mangueiras. Seguindo a Avenida Apolônio Sales, há caraibeiras em frente ao Núcleo de Atendimento ao Turismo, no Hotel Belvedere, na Prefeitura e ao longo dos dois lados da Avenida, aqui e ali, o ouro das caraibeiras floridas de destaca no contraste com o azul intenso do céu nordestino.
Retornando-se pela Avenida Getúlio Vargas, elas estão ornamentando o Monumento do Trabalhador que exige mais cuidados e, depois da Praça Abel Barbosa, novamente embelezam a Praça Adauto Pereira de Souza e a Praça Don Jackson Berengeur Prado, o primeiro bispo de Paulo Afonso, bem em frente da Catedral de Nossa Senhora de Fátima.
Ao lado da Catedral, muro e o interior do quartel do Exército, 1ª Cia. de Infantaria, o verde oliva da guarnição militar se mistura com o amarelo ouro das caraibeiras. Ainda na Ilha de Paulo Afonso, se a visita for à área das usinas hidrelétricas da Chesf, as caraibeiras enfeitam cada lugar: os drenos de areia, a Ilha do Urubu, os paredões de granito, o início do cânion do rio São Francisco.
Se o destino é o Bairro Centenário, ali elas estão na borda do grande Lago Moxotó. E, se saímos da Ilha de Paulo Afonso, em qualquer direção elas estão por perto. No Jardim Bahia, no Clériston Andrade, na BA-210 que leva ao Bairro Tancredo Neves e naquele populoso bairro onde reinava a árvore mulungu que lhe deu o primeiro nome.
Se o destino, na mesma BA-210, é o caminho que leva à cidade de Glória, a apenas 12 quilômetros de Paulo Afonso, as caraibeiras estão te saudando à beira da estrada...
Que bom que esse novo tempo, de um lento e gradual retorno à quase normalidade, de uma Primavera que enfeita os caminhos por onde passamos todos os dias, nos permita agradecer e cantar como o poeta “como é bonita a vida” e que, a cada novo amanhecer percebamos que a graça e o amor de Deus nos permitem ver que “há esperança ainda.”
Antônio Galdino da Silva
30 de setembro
Primavera de 2021
Veja mais fotos no Facebook Antonio Silva Galdino
Belíssimas paisagens e arquiteturas da CHESF, que bravura desta companhia no desenvolvimento do Nordeste Brasileiro, é inconfundível a Capital da energia.
Um presente essa estação. Uma beleza os lindos Ipês de Paulo Afonso. E um lindo texto do mestre Galdino traduzindo toda a sua sensibilidade e amor por essa cidade. Parabéns amigo .
Alguém pode informar onde se conseguem mudas de mulungu?
É uma das estações mais bonitas onde tudo fica florido, e com a presença dos raios do sol fica um por do sol exuberante. Parabéns professor Galdino sempre arrasando com sua matérias lindas.
Saudades da terrinha, há 22 anos que sai de Paulo Afonso. Sou do tempo do COLEPA, da cooperativa, do único hotel(as margens do rio São Francisco -PA IV) e do próprio professor Galdino, saudades.
Paulo Afonso é uma abençoada! Esses ipês são belíssimos! Obrigada Prof. Galdino por nos presentear com essa matéria tão bem elaborada! Que Deus o abençoe e que seu trabalho seja sempre bem sucedido!
Gratidão ao Querido Galdino , por trazer o registro do espetáculo dos Ipês, com esse enredo fantástico
"Tanto mais velhas quanto mais belas" (Olavo Bilac). Essas árvores velhas e belas, todas plantadas do tempo do doutor Amaury. Alguém pode explicar por que não se plantam mais árvores em Paulo Afonso? Agradecemos ao professor Gaudino a demonstração do bem que elas nos propiciam a começar pelo [espetacular] banho visual.