Do Editor do Site:
Nos 20 anos do Jornal Folha Sertaneja e mantendo o objetivo de continuar levando aos leitores do Jornal e aos mais de 100 mil internautas que acessam esse site todo mês – mais de 3 mil por dia – a história recente de Paulo Afonso e o resgate das memórias destas terras sertanejas, abrimos mais um espaço nesse site chamados PERSONAGENS EM DESTAQUE, onde desejamos homenagear pessoas da história de Paulo Afonso, desde os seus tempos de Forquilha e Vila Poty até os dias atuais.
E como estamos vivendo o tempo das muitas e merecidas homenagens à MULHER, estaremos destacando nesse espaço, nos próximos dias, as mulheres que fizeram e fazem história em Paulo Afonso desde muito tempo. Claro que, humildemente, vamos receber sugestões e informações sobre pessoas, homens e mulheres que deixaram e continuam deixando marcas importantes de sua passagem por estas terras sertanejas e isso será realmente, levado em conta.
No tocante à Mulher, estabelecida, moradora, por um tempo ou todo o tempo, em Paulo Afonso, faremos uma agradável viagem os primeiros tempos, mas, logo estaremos também respirando o mesmo ar do tempo presente, atual.
E começamos esse novo espaço do site www.folhasertaneja.com.br, reeditando, atualizada, uma matéria publicada no Jornal Folha Sertaneja em março de 2021, sobre esse importante tema. Nos próximos dias, estaremos destacando ainda outras mulheres da história e da vida de Paulo Afonso.
E logo, também os homens e outras mulheres naturalmente, que fizeram história, individualmente ou coletivamente, nestas terras de Paulo Afonso, desde suas origens, também vão merecer a sua homenagem nesses DESTAQUES do Jornal Folha Sertaneja e do site, em seus 20 anos de vida.
(Prof. Galdino).
8 de março – Dia Internacional da Mulher –
A origem dessa comemoração
O dia 8 de março nasceu por um fato triste: a morte de mais de 100 mulheres de uma fábrica têxtil em Nova Iorque que, ao reivindicarem a redução de sua carga de trabalho de 16 horas para 10 horas de trabalho diário, ficaram presas na fábrica que estava em chamas e ali morreram carbonizadas. Era 8 de março de 1857.
A data, ao longo dos anos, transformou-se numa oportunidade para homenagear a mulher, pela beleza, a ternura, a meiguice, a força, a inteligência, o afeto, o carinho, a capacidade de fazer tudo e ainda o sorriso que quebra qualquer situação desagradável. A mulher tem, sim, esse poder que as vezes nem ela acha que tem.
Quer saber qual a força de uma mulher? Mexa com suas crias. Ela vira uma leoa em sua defesa.
Nas profissões, antes tidas com exclusivas dos homens, elas dominam e dão aulas pros marmanjos...
Por todos esses predicados, a mulher tem sido, ao longo da vida, dos séculos, dos milênios, a musa inspiradora dos poetas e prosadores.
Deus que tudo sabe e tudo vê, escolheu a mulher, simples, humilde, anônima, do meio do povo simples, para ser a mãe do Salvador do mundo...
Criou-se um dia, no mundo, para que seja exaltada, homenageada, apenas para que todos possamos lhe dizer, nesse Dia Internacional da Mulher, que dela, da mulher, são todos os dias, onde ela, reina, ama, se enternece, chora, ri e afaga com o seu ser tão especial, aqueles que rodeiam o seu trono...
Breve história das Mulheres no Parlamento de Paulo Afonso
- 10 mulheres nota 10 –
E luta / Se aprimora / Fica igual / Se supera / Mostra competência / Vence!
Em 7 de abril de 1959 a Câmara Municipal de Paulo Afonso foi instalada quando foi realizada a primeira sessão, histórica, de posse dos primeiros oito (8) vereadores e do primeiro prefeito de Paulo Afonso, o comerciante Otaviano Leandro de Morais, estabelecido comercialmente com o seu Armazém Sertânia no número 316 da Rua da Frente que passou a ser depois a Avenida Getúlio Vargas.
Em 7 de abril de 1959, num universo de extremo machismo da época, foram empossados na Câmara Municipal de Paulo Afonso 6 vereadores e 2 vereadoras.
Ou seja, quase ninguém acreditava que 25% dos vereadores da primeira Legislatura de Paulo Afonso eram mulheres, mas ali estavam a Professora Lizette Alves dos Santos e a estudante Dinalva Simões Tourinho. E o destaque, a surpresa ainda maior foi a Vereadora Dinalva Tourinho ser eleita como a primeira presidente da Câmara Municipal de Paulo Afonso.
Infelizmente, esse impacto causado na primeira legislatura foi rareando ao longo dos anos. Crescia o número de eleitores e de vereadores em cada Legislatura e diminuía o número de mulheres vereadoras.
Em 7 de abril de 2024 a Câmara Municipal de Paulo Afonso completará 65 anos.
Ao longo dessa história de quase 65 anos a Câmara Municipal de Paulo Afonso teve 210 vereadores eleitos e mais 20 que eram suplentes e assumiram os cargos que ficaram vagos, por morte, licença ou cassação de mandatos.
Desse total de 230 vereadores que atuaram no parlamento municipal de Paulo Afonso, até o ano de 2024, apenas10 mulheres foram eleitas vereadores, sendo a última eleita a vereadora Evinha Oliveira no ano de 2020.
Antes, houve períodos muito longos sem a presença feminina na Câmara Municipal de Paulo Afonso.
Na primeira Legislatura da Câmara, de 1959 a 1963, duas vereadoras foram eleitas: a Professora Lizette Alves dos Santos e a estudante (em Salvador), Dinalva Simões Tourinho que, porque precisa terminar os seus estudos, pediu licença por uns meses, mas em outubro de 1959, sete meses depois de sua posse, renunciou ao cargo e ao mandato.
Lizette era filha de Severino Alves dos Santos, conhecido como Severino Dentista e Dinalva, filha de Enoch Pimentel Tourinho, influente funcionário da Chesf.
Se elas foram eleitas pela influência dos pais ou não, o fato que ali estavam, vereadoras, defendendo os interesses da comunidade tão carente. Dinalva deixou um projeto da criação da Biblioteca Pública Municipal e Lizette foi importante colaboradora do Prefeito Otaviano no que se refere à organização da educação municipal e construção das primeiras escolas do município.
Francisca Barros de Sousa Siebert e Maria José Barros Lins
Somente 24 anos depois, na 7ª Legislatura, de 1º de janeiro de 1983 a 31 de dezembro de 1988, a Câmara de Paulo Afonso voltou a ter mulheres no seu parlamento, quando foram eleitas, em outubro de 1982 e empossadas em 01/01/1983, as vereadoras Maria José Barros Lins e Francisca Barros de Sousa Siebert, num quadro de 13 vereadores.
Como Dinalva, a médica Francisca Barros também exerceu a presidência do Legislativo Municipal de Paulo Afonso, no período de 01 de março de 1984 a 31 de dezembro de 1985, sendo em outubro de 1985 eleita Vice-Prefeita na chapa do também vereador José Ivaldo de Brito Ferreira, assumindo este cargo no Executivo Municipal em 1º de janeiro de 1986.
Em 1989, na 8ª legislatura municipal que foi até 31 de dezembro de 1992, ainda com 13 vereadores, ocupa uma cadeira na Câmara outra médica, Nélia Correia da Silva Souza que teve uma atuação destacada na Câmara Municipal Constituinte, instalada em 10 de novembro de 1989, cujos trabalhos resultaram na criação da Lei Orgânica do Município de Paulo Afonso, promulgada em 21 de junho de 1990. O presidente da Câmara Constituinte foi o vereador Luiz Carlos de Carvalho.
Na 9ª legislatura, de 1º de janeiro de 1993 a 31 de dezembro de 1996, com a Câmara tendo 15 vereadores, a suplente de vereadora Ivanete Avelino Bento assume a cadeira deixada pelo vereador Orlando Carvalho Lima, cassado pelo Poder Legislativo em 4 de julho de 1994.
Ivanete Bento é reeleita nas duas legislaturas seguintes, a 10ª legislatura, de 1º de janeiro de 1998 a 31 de dezembro de 2001, com 15 vereadores e a 11ª legislatura, de 1º de janeiro de 2001 a 31 de dezembro de 2004, esta com 17 vereadores.
Nessa 11ª legislatura, também se reelege Francisca Barros de Souza Siebert, para outro mandato na Câmara de Paulo Afonso e elege-se Risalva Maria de Toledo, pioneira da emancipação política de Paulo Afonso que havia sido Vice-Prefeita na gestão do prefeito Luiz Barbosa de Deus (1989/1992). Assim, a 11ª legislatura da Câmara de Paulo Afonso, dos 17 edis, três eram mulheres: Ivanete Bento (em seu terceiro mandato), Francisca Barros (no segundo mandato) e Risalva Toledo.
Para a 12ª legislatura, de 01 de janeiro de 2005 a dezembro de 2008, com 11 vereadores, foi eleita Vanessa Rodrigues Barbosa de Deus.
Somente na 14ª legislatura, de 1º de janeiro de 2013 a 31 de dezembro de 2016, no dia 5 de dezembro de 2014, a suplente de vereadora Leda Maria Rocha Araújo Chaves (irmã Lêda) assume a vaga deixada pelo vereador Juvenal Teixeira Lima, falecido no dia 28 de novembro de 2014. Irmã Leda foi eleita para a 15ª Legislatura (2016/2020).
Para a 16ª Legislatura (2021/2024), a vereadora Irmã Leda foi reeleita e foi eleita Evanilda Gonçalves de Oliveira (Evinha Oliveira), a 10ª vereadora a atuar no plenário da Câmara Municipal de Paulo Afonso.
Mulheres no Parlamento de Paulo Afonso, de 1959 a 2024
1959/1963 –
Dinalva Simões Tourinho
Lisette Alves dos Santos.
1983/1988 –
Francisca Barros de Sousa Siebert
Maria José Barros Lins
1989/1992 –
Nélia Correia da Silva Souza
1992/1996 –
Ivanete Avelino Bento - (assumiu em 5/07/1994)
1997/2000
Ivanete Avelino Bento
2001/2004 –
Francisca Barros de Sousa Siebert
Ivanete Avelino Bento
Risalva Maria de Toledo
2005/2008 –
Vanessa Rodrigues Barbosa de Deus
2013/2016 -
Leda Maria Rocha Araújo Chaves (irmã Lêda)- (assumiu em 05/12/2014)
2016/2020 -
Leda Maria Rocha Araújo Chaves (irmã Lêda)
2021/2024 -
Evanilda Gonçalves de Oliveira (Evinha Oliveira)
Leda Maria Rocha Araújo Chaves (irmã Lêda).
Em homenagem a estas personagens da história política de Paulo Afonso, a poetisa Jovelina Ramalho, da Academia de Letras de Paulo Afonso, a pedido do Jornal Folha Sertaneja escreveu o poema abaixo, publicado na Edição Nº 200 deste Jornal.
Mulheres no Parlamento
Jovelina Ramalho
Há uma doce fragrância
Que faz bem e encanta
Um toque diferente
Uma inteligência perspicaz e fina
Um riso suave e doce
Uma guerreira que se faz bonita.
Uma mão suave
De um lutar tão forte
Um sexo “frágil”
Onde a fortaleza mora
Uma ninfa, uma deusa
Uma doce e jovem senhora.
Uma, das várias Marias
Que no Brasil habitam.
Loiras, morenas, mamelucas
Todas belas, sem repetição
É o feminino que brilha
No lar, na escola ou repartição
No sorriso brejeiro
Sob o batom encarnado
Há uma busca incessante
No olhar aguçado
Há o sonho da igualdade
No direito que é legítimo
que outrora foi negado.
É a mulher que assume o pleito
Onde só homem era votado
Num Brasil de preconceitos
Ingrato e masculinizado
O feminino ganha um rosto
Nas prefeituras, câmaras, presidência e senado.
Eis a mulher do parlamento
Que não esqueceu a canção de ninar
Nem a suprema missão de gerar vidas
Que cozinha, acolhe, pare e faz amor
Que decide, planeja e acredita
Que também é responsável
por um Brasil melhor
E luta
Se aprimora
Fica igual
Se supera
Mostra competência,
Vence!