Ao fazer 20 anos de caminhada, o Jornal Folha Sertaneja abriu, na edição online e no site www.folhasertaneja.com.br um espaço chamado Personagens em Destaque onde são destacadas ou homenageadas pessoas, de forma coletiva ou individualmente.
Em março corrente, estiveram nesse espaço, as mulheres pioneiras da educação, as mulheres da ALPA e também as mulheres do parlamento municipal.
Nesta edição de 31 de março de 2024, na coluna PERSONAGENS EM DESTAQUE o homenageado é o Poeta repentista e cordelista, RAFAEL NETO, o mais jovem membro da ALPA, que agora mora em Paulistana no Piauí e participou de importante projeto que leva o cordel para todo o mundo.
Antônio Galdino da Silva
Diretor do Jornal Folha Sertaneja
Editor do Site www.folhasertaneja.com.br
Poeta Rafael Neto escreve em cordel o clássico da Literatura Inglesa O Médico e o Monstro
Helison Rafael da Silva Nascimento – Esse é o nome de registro civil de quem logo se destacou como poeta. Nasceu em Aracaju em 21/09/1991, mas logo começou a correr pelo mundo. Em Sobradinho, na Bahia, quando tinha apenas 8 anos, assombrou a Professora Geralda, da Escola Paulo Pacheco, ao escrever sobre os 500 anos do Brasil. Em Paulo Afonso, onde viveu muitos anos com o avô conhecido como Poeta de Cristo, também foi revelação na arte da poesia, no Colégio Carlina e ficou conhecido como Poeta Rafael Neto.
Ainda hoje é muito agradecido a um grande incentivador da cultura popular, o empresário Sebastião Leandro de Morais que lhe deu de presente a sua primeira viola. Com ela, não parou mais.
Em dezembro de 2017, quando já morava no Piauí, foi recebido na Academia de Letras de Paulo Afonso como membro correspondente, ocupando a cadeira Nº 34, que tem como patrono o poeta do Cariri pernambucano, Rogaciano Leite. Hoje, com apenas 32 anos, é o mais novo membro da ALPA.
Embora ainda muito jovem já tem uma produção literária bastante grande e respeitável. Já fez mais de 100 folhetos de cordel, sobre os mais variados temas, vários DVDs e cinco livros de poesias, um deles ainda para ser lançado. Um dos seus livros tem o curioso título “Não sou poeta matuto, sou cientista das rimas”.
Faz pouco que vários poetas nordestinos foram convidados para transportar livros clássicos da literatura universal para a literatura de cordel. Coube a Rafael Neto, contratado pela Editora Cultura, a adaptação do clássico O Médico e o Monstro para o cordel.
O que disse a Editora Cultura sobre o seu trabalho que já corre pelo mundo, levando o nome da ALPA:
“Uma história assustadora!
O médico e o monstro traz elementos das histórias de detetive, graças ao personagem Gabriel John Utterson, advogado de Jekyll e seu amigo mais próximo. Jekyll faz um testamento e deixa a sua fortuna para um tal de Hyde, sujeito de aparência grotesca e de conduta reprovável. Utterson acredita que o amigo está sendo chantageado. Ele não podia imaginar que o bondoso Jekyll e o monstruoso Hyde eram a mesma pessoa. Ou talvez não fossem. Será que cada um de nós tem um lado oculto, maligno e monstruoso?”
“Essa história, escrita pelo escocês Robert Louis Stevenson (1850 – 1894), foi adaptada em literatura de cordel por Rafael Neto, que se manteve fiel ao texto, conservando a estrutura básica do original, em homenagem a Stevenson”. (grifo nosso)
Rafael Neto faz muitos anos que vem cantando por esse Brasil afora e até já teve participação em um Caldeirão do Huck em um dos sábados, na Rede Globo.
Em 2014 quando da realização da 1ª Bienal do Livro de Paulo Afonso, organizada pelo Jornal Folha Sertaneja em parceria com a ALPA e o IGH coube ao poeta Rafael Neto a responsabilidade de homenagear, em cordel, o dramaturgo Ariano Suassuna, que morrera naquele ano.
De 12 a 14 de novembro de 2018, foi realizada a 3ª Bienal do Livro de Paulo Afonso com o tema Literatura de Cordel, porque em setembro daquele ano a Literatura de Cordel foi reconhecida pelo IPHAN como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro.
Nesta edição da 3ª Bienal do Livro de Paulo Afonso toda uma noite foi dedicada a esse tema e nela, no Memorial Chesf de Paulo Afonso, o poeta Rafael Neto deu uma aula marcante sobre cordel e ainda fez uma cantoria com o seu colega Marlon Torres no evento chamado Noite do Cordel Encantado.
Pela dificuldade de se manter com suas cantorias em Paulo Afonso, Rafael Neto, que já havia passado uma temporada na cidade de Paulistana, no Piauí, onde fez grande amizade com poetas nordestinos, decidiu voltar àquela cidade onde se estabeleceu em definitivo há cerca de 8 anos.
Ali, o olhar do poeta encontrou o olhar de Maria do Socorro e em 8 de julho de 2021 casaram e dessa união nasceu o pequeno sertanejo Rafael Israel que, como diz o pai, “tem a energia de dez”...
Em dezembro de 2017, quando já morava no Piauí, foi recebido na Academia de Letras de Paulo Afonso como membro correspondente, ocupando a cadeira Nº 34, que tem como patrono o poeta do Cariri pernambucano, Rogaciano Leite. Hoje, com apenas 32 anos, é o mais novo membro da ALPA.
Para a redação do Jornal Folha Sertaneja e editor do site, Rafael falou do seu amor por Paulo Afonso e preferiu dizer isso da forma que mais o representa, em versos de cordel.
PIAUÍ X PAULO AFONSO
Mesmo estando no quente Piauí
Não me esqueço o calor, as cachoeiras
A famosa Pracinha das Mangueiras
E o monumento: O Touro e a Sucuri,
O Bondinho que quando conheci
Era uma criança, mas eu lembro...
E os ipês amarelos que em setembro
Coloriam as nossas avenidas
E o lirismo das frases proferidas
Que escrevi para ALPA, onde sou membro.
As pinturas rupestres a olho nu
São famosas demais nesta terrinha
Mas prefiro um passeio na Prainha,
Belvedere ou na Ilha do Urubu,
O chapéu do cangaço em couro cru
E as alparcas que ponho nos meus pés
Lampião e Maria nos cordéis
E o Hangar de avião que hoje ressalva
No espaço do nosso Lindinalva
Que me fez ser poeta nota dez.
Serra da Capivara é linda imagem
Onde o chão é mais quente do que grelha
E eu prefiro lembrar de Glória Velha
Inundada nas águas da barragem
Nosso povo fazendo uma viagem
Deslocado das áreas demarcadas
O progresso seguiu nas empreitadas
Para a CHESF gerar mais energia
Quem conhece se inunda em nostalgia
Ao lembrar das cidades inundadas.
Eu prefiro lembrar minha Forquilha,
Do Carlina onde eu fui menino pobre,
Morei na Vila Nobre sem ser nobre,
E eu pequeno no Grande Hotel fiz trilha,
Paraíso, é a oitava maravilha,
E escalar tanta rocha era ruim
E escondido dos meus avós enfim
Enfrentava o perigo sendo sonso,
É verdade, eu saí de Paulo Afonso
E só morrendo ela vai sair de mim.
Simplesmente fantástico.
Parabéns ao Diretor e ao poeta fico muito admirado por bastante sabedoria.