Madalena Braga: o sorriso que virou a cara de Feira de Santana
Gilmar Teixeira
Ontem, no burburinho alegre do Teatro Amélio Amorim, vivi uma cena que me atravessou a alma. Em meio à correria de mais um evento, vi chegar, com sua presença serena e seu sorriso fácil, Madalena Braga — a Madá, como a cidade inteira carinhosamente a chama. Mais uma vez ela estava lá, microfone em mãos, olhos atentos, pronta para transformar em notícia os momentos que fazem nossa Feira de Santana pulsar.
Eu já sabia da competência dela. Já sabia do carinho que minha filha, Louise Farias, tem por ela — duas mulheres fortes, cada uma brilhando em sua vocação. Mas ontem, algo foi diferente.
O teatro lotado. Gente em pé, nos corredores, nas escadas, como se a cultura transbordasse pelas frestas do velho Amorim. Então o locutor anunciou: “Conosco, a jornalista Madalena Braga!”. Num instante, o que era murmurinho virou aplauso. Um aplauso de pé, vibrante, emocionado. Parecia que a cidade inteira queria abraçá-la. Parecia que Feira de Santana, em peso, dizia: “Obrigada, Madá, por ser nossa voz!”.
Naquela explosão de carinho, entendi: toda cidade tem uma cara, uma alma, uma pessoa que a representa. Em Feira, essa pessoa tem nome, sobrenome e um sorriso inesquecível: Madalena Braga.
E não é apenas pelo que ela faz diante das câmeras, cobrindo festas populares, problemas urbanos, sonhos e dores. É pela história que ela carrega. Madá não nasceu em Feira, é verdade — veio de Jequié, passou por Itabuna — mas foi aqui que fincou raízes, conquistou corações, virou patrimônio afetivo.
Criada pelos avós num bairro simples, formou-se em Biologia antes de encontrar, quase por acaso, o rádio e, depois, a televisão. De lá para cá, são mais de trinta anos de microfone, câmera e, principalmente, humanidade. Madalena não noticia apenas: ela sente. Ela entende. Ela traduz Feira para os próprios feirenses.
Fora das telas, é uma mulher de hábitos tão nossos, quanto o cheiro do café na feirinha do Tomba, ou no Centro de Abastecimento. É ali, entre barracas e vozes familiares, que Madalena encontra sua gente, seu chão. Faz feira na feira, sorri para todos, sem pose, sem distância.
Madá virou meme, virou ícone, virou amiga íntima de cada cidadão anônimo. Virou parte da paisagem e da memória afetiva de Feira de Santana.
Hoje, acordei ainda emocionado. Pensei: quando um dia alguém perguntar quem é a cara de Feira, responderei sem hesitar: é a mulher do sorriso acolhedor e do olhar que enxerga além da notícia. É Madalena Braga, nossa Madá, a jornalista que não apenas conta nossas histórias — ela é uma das nossas melhores histórias.
* Gilmar Teixeira
Membro fundador da ALPA – Cadeira 8
Gilmar, tive o prazer de conhecer Madalena Braga. É deveras um ícone do jornalismo em Feira de Santana, cidade onde deixei registros de mim como profissional. Parabéns pela matéria.