Não é inerente à brevidade elucidar as coisas. Pode até complicá-las, pelo vazio em que, de ordinário, as deixa. A mídia, hoje, constrói ou destrói em pouco tempo. Necessário é impor-lhe juízo (não interpretar como censura!). Deixar ao leitor a tarefa de fazer deduções poderá subtrair-lhe o entendimento e deixá-lo à superfície do conhecimento. Informar é dar a conhecer.
Conhecer custa, por vezes, dói. Mas não há como fazê-lo diferente. A cultura das abreviações e da brevidade tende ao seu exato instante, não propriamente ao conhecer maduro e compartilhável. Deduzir e elaborar têm demanda longa.
Conhecer é, ademais, imperativo a quem o quer para a vida. As palavras que proferimos ou são produto do saber ou são inconsequentes. São, assim, responsáveis, sejam como liturgia, sejam moralmente.
Quando falamos, pelo menos dois vínculos se evidenciam. O primeiro somos nós mesmos. Não é ético sair por aí falando o que nos der na telha! O ser que fala é um ser moral. Portanto, moralmente responsável pelo que fala. Tão séria é esta questão que a Bíblia Sagrada, além dos Códigos de Ética que a sociedade humana há sancionado através dos tempos, nos responsabiliza diante de Deus (e dos homens) por toda palavra ociosa (ou frívola) que proferimos (Mateus 12.36). As palavras tanto nos justificam quanto nos condenam (verso 37). A segunda evidência tem a ver com alguma função que exercemos. Aí, já não somos apenas nós mesmos, mas aquilo ou aquele que ou a quem nós representamos. São os papéis que exercemos na vida.
Quiséramos que toda fala informativa, com suas promessas e suas proposições, também fosse formativa. Quiséramos nós que a moral do ser que fala iluminasse o que ele diz e o que faz. Que tivesse consequência prática.
O que se destina ao vazio é vazio já na sua origem. Não nos esqueçamos, contudo, da ciclicidade dos fenômenos da existência. O eco e o bumerangue, bem assim as experiências ordinárias, ofertam-nos lições que não deveriam ser desprezadas.
Não tencionamos prejulgar ninguém, mas, aí vem mais uma campanha eleitoral, com suas pérolas... Preparemos, pois, os ouvidos.
É responsável moral aquele que fala pelo que fala? Decerto. E quem ouve? Julgo que igualmente lhe cabe uma parcela de responsabilidade. É-lhe imposto o peso das consequências. Assiste-lhe o direito de julgar.
Do Recife, Válter Sales.