Um bom critério para se fazer uma leitura proveitosa é ler sem ideias preconcebidas. Não se pode julgar o que não se conhece. A isto dá-se o nome clássico de preconceito, que é uma forma de ignorância. Um conceito se formula a partir de elementos conhecidos. É conceituar – emitir juízo, formar opinião, boa ou má, mas sobre descobertas. Não é mero palpite.
Há paroleiros de plantão por toda parte, que falam qualquer coisa sobre qualquer coisa... A compulsão é de falar. Mas, falar o quê? Não importa. Falastrões, em geral, são acríticos.
Ler pelo prazer da instrução, afora o papel crítico. A palavra que aqui desponta é Instrução, ao lado prazer. Então, entra o elemento crítico, que não se refere apenas ao conteúdo da obra, mas ao seu propósito. A quanto abrange em sua temática? Que luz traz à história de que trata? Que relevância oferece ao leitor? Em que favorece o seu crescimento?
Não é instrutivo ler qualquer coisa, bem como ouvir qualquer orador. Quando o ouvido não é criterioso, a mente se intoxica. É o mesmo que acontece com vários programas, ordinários, de televisão, eivados de irrelevâncias e encharcados de dramas suburbanos, subtrativos da paz interior e de uma educação sadia. Instrutiva não é a informação pura e simples, mas a que traz consigo ensejo de crescimento cultural. Há um componente moral a ser avaliado.
No que concerne à leitura, dá-se a perceber que a falta desse hábito também se atrela à qualidade do que o mercado editorial (popular) oferece. Há muita palha... Cultura não se deve subjugar às leis do mercado. Não é mercadoria – perecível.
A que classe se destina uma biblioteca (ou livraria) sem clássicos? Fui, há anos, convidado para a inauguração de uma livraria. Chegando lá, encontrei de tudo: de banheira plástica a carrinho de bebê. Não me contive: publiquei matéria a respeito da miscelânea. Poucos meses depois o proprietário abriu uma livraria de verdade. Eu seu discurso, fez referência ao meu artigo.
Uma boa sugestão a quem deseja formar uma biblioteca de boa qualidade: há, hoje, na internet, mestres e doutores em literatura e noutros campos do conhecimento, que fazem comentários e indicação de bons livros. São pessoas cultas. Têm o que oferecer. Sabem o que falam.
O que não deve faltar em nossa vida são os livros.