Do Editor do Site:
Temos recebido, de Valter Sales, (do Recife), regularmente, textos muito importantes como um necessário despertamento à juventude para o exercício da atividade da leitura.
Recentemente, eu e a Pedagoga e experiente professora Socorro Mendonça, a convite do Professor Doutor Jacques Fernandes, estivemos numa agradável conversa com os estudantes do primeiro período do Curso de Pedagogia da Universidade do Estado da Bahia – UNEB – Campus VIII, em Paulo Afonso e ali tivemos a oportunidade de falar exatamente sobre esse tema – a necessidade de leitura crítica – que eu e Socorro procuramos desenvolver junto aos nossos alunos do ensino fundamental e médio.
Vivemos no século 21, onde se tem adotado como prática da “escrita” o uso de símbolos e figuras, o que tem gerado nos estudantes uma carência significativa de um bom vocabulário, amplo, para o seu processo natural de comunicação, o que nós procuramos ter e sempre buscamos ampliar, pelas muitas leituras, também de clássicos da Literatura Brasileira, a começar pelo grande Machado de Assis.
Assim, aproveito essa série de artigos que Valter Siqueira vem trazendo para a sua coluna – PONTO DE CORTE, do Site www.folhasertaneja.com.br e que também estaremos publicando a partir da edição de junho no Jornal Folha Sertaneja, para recomendar aos internautas que leiam também os artigos anteriores publicados neste site e aos quais se pode ter acesso pelos links que apresentamos abaixo.
A ARTE DE LER 1
https://www.folhasertaneja.com.br/noticias/ponto-de-corte--vlter-sales/769265/1
A ARTE DE LER 2
https://www.folhasertaneja.com.br/noticias/ponto-de-corte--vlter-sales/771116/1
A ARTE DE LER 3
https://www.folhasertaneja.com.br/noticias/ponto-de-corte--vlter-sales/774384/1
Aproveitamos para agradecer a Valter Sales por oferecer, neste espaço, que continua à sua disposição, a oportunidade de crescimento dos nossos leitores e internautas. (Professor Antônio Galdino da Silva – Editor do Site e diretor do Jornal Folha Sertaneja).
A ARTE DE LER 4
O capítulo VIII do livro A Arte de Ler, de Émile Faguet, fala-nos dos inimigos da leitura. De começo, penso que inimigo da leitura é o indivíduo que não lê. Não lê porque não gosta. Não lê porque não foi induzido a isto, não foi educado para e pela leitura, em etapas primeiras de sua história como estudante. Não lê porque não foi ensinado a ler.
As estatísticas de leitores em nosso país não são animadoras. Com pesar assistimos ao fechamento de grandes livrarias e ao lamento porque o programa que é oferecido nas escolas não privilegia, como seria desejável, a prática da leitura. É lamentável e em muito pouco coopera para o progresso do nosso povo.
Raramente ouvimos de nossos dirigentes uma palavra de incentivo à classe estudantil acerca da boa prática da leitura. Talvez eles mesmos não sejam amantes dos livros. Não menos lamentável é a falta de boas bibliotecas em nossas cidades. Cultura como aprimoramento intelectual parece não ser interesse da classe política.
Mas, deixando de lado essa crítica, pensemos nos “inimigos da leitura”. Nem sempre são os muitos afazeres, as múltiplas coisas com que nos envolvemos na demanda da vida. Ler é uma questão de prioridade para quem deseja crescer. “Para muitos, todavia, amantes da reputação discreta e delicada, a literatura torna-se assim agradável e mais querida”, afirma Faguet.
Os inimigos da leitura são “as tendências, as inclinações e os hábitos que impedem de ler bem, de ler como é útil, proveitoso e agradável”. Se a leitura não nos for proveitosa, a tendência é alterná-la com ou substituí-la por outras coisas.
Faguet lista entre os inimigos da leitura “o amor-próprio, a timidez, a paixão e o espírito de crítica”. Vamos entender: o amor-próprio é o amor de si, que impede, de certa forma, que o autor lido interfira em nossas expectativas ou sentimentos. A estima própria por vezes leva-nos a ler só o que o “gosto do momento” seleciona.
Esse gosto seletivo alimenta o preconceito, que não é recomendável, particularmente a pesquisadores. Há de haver suficiente cuidado para se evitar a acomodação.
Um conhecimento amplo e saudável, e com múltiplas possibilidades, percorre, senão todas as vias do conhecimento (isso seria impossível), pelo menos as correlatas ou análogas.
Faguet alude a uma espécie de “incompatibilidade de humor” (...) Há diferentes naturezas de espírito. Em tais casos, recomenda-se ao leitor que desarme seu espírito ao debruçar-se para ler. Deve desarmar-se do “amor-próprio”.
Um bom leitor será, de começo, crítico de si mesmo.
Do Recife, Válter Sales
