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COM A MORTE DE JOÃO SOARES / CALOU-SE A VOZ PIONEIRA,/ DA VIOLA E DO REPENTE / NOS SERTÕES DE SANTA BRÍGIDA...

Publicada em 24/03/20 às 00:26h - 1233 visualizações

Antônio Galdino - Atualizada em 24/03/2020 às 11h 50min.


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COM A MORTE DE JOÃO SOARES / CALOU-SE A VOZ PIONEIRA,/ DA VIOLA E DO REPENTE / NOS SERTÕES DE SANTA BRÍGIDA...
 (Foto: Arq. do jornal Folha Sertaneja, ALPA e Alcivandes)

COM A MORTE DE JOÃO SOARES

CALOU-SE A VOZ PIONEIRA,

DA VIOLA E DO REPENTE

NOS SERTÕES DE SANTA BRÍGIDA...

Num tempo em que as pessoas estão ilhadas, isoladas, presas em suas casas por conta da praga coronavírus que ameaça a todos e tem preferência provada pelos mais idosos, as redes sociais se encarregam de levar as notícias de uns para os outros.

Foi assim que fomos impactados com a notícia da morte do quase centenário Poeta João Soares nos sertões de Santa Brígida...

Por muitos anos, mais de vinte, o som ritmado da viola, e a voz inconfundível do poeta João Soares, ecoaram pelas ondas do rádio e acalentava os ouvintes distantes levados pela Rádio Cultura de Paulo Afonso e depois pela Rádio Bahia Nordeste em um espaço radiofônico nobre que exaltava as belezas do Nordeste, a vida, apresentava as histórias da Bíblia e os contos de trancoso tão enraizados na cultura dos sertanejos.

João Soares foi um pioneiro na luta para a preservação dessa cultura milenar por essas terras e, anos depois, bem à frente, a ele se juntou o genro José Santana para fortalecer essa defesa do cordel, da cantoria de viola, do repente que não se aprende nas faculdades, mas vem da alma, de dentro do peito, num “de repente” e explode, em rimas perfeitas, deixando os ouvintes de olhos esbugalhados...

João Soares foi toda uma vida, quase centenária, essa voz pioneira, falando das nossas coisas, daquilo que está ao nosso redor e mostrando, em cada verso, o seu valor intenso porque essas pequenas coisas do sertão não têm preço, têm valor.

21 de Março, dois dias depois do dia dedicado a São José, sempre cantado nos versos dos repentistas porque é o santo, pai de Jesus, em cujo dia o nordestino crê que chovendo, será um ano de mesa farta e as comidas típicas do São João estão asseguradas. Se não chover no dia de São José, o sertanejo fica apreensivo, não vai ser um ano bom pra lavoura...

João Soares ouviu essas histórias por quase um século e desde quando empunhou a viola saiu cantando e contando essas histórias e centenas, milhares de outras, por todos os rincões por onde passou.

Em Santa Brígida, cidade de fortes tradições religiosas deixadas pelo Beato Pedro Batista e por Madrinha Dodô, não mais se ouvirá a sua voz pelas ruas da cidade, nem o eco dos acordes de sua viola irão mais se multiplicar nas serras do Galeão, da Canastra ou no gruta de Mané Veio...

O dueto João Soares/José Santana acabou.

Quando a Academia de Letras de Paulo Afonso o homenageou, em Outubro de 2019, por uma feliz iniciativa do acadêmico Alcivandes Santana, todo o auditório aplaudiu de pé aquele senhorzinho feliz, emocionado, já com mais de 96 anos e parecendo um menino que estava ganhando o mais sonhado dos brinquedos...

Ainda deu tempo do poeta João Soares ver a Literatura de Cordel, a arte que defendeu por toda a sua vida, ser reconhecida como Patrimônio Imaterial Cultural Brasileiro, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, o que aconteceu em 19 de Setembro de 2018.

Depois de cumprir sua missão, de espalhar versos e o som da viola por esses sertões durante dezenas de anos, o poeta João Soares arrumou seu matulão, colocou a viola nas costas e seguiu viagem.

Ao chegar no seu novo destino foi bem recebido pelos amantes da cultura nordestina e deve ter ouvido esse convite:

- Afina a viola, João Soares. Nós estamos aqui pra te ouvir cantar as coisas do nosso Nordeste, das terras de Santa Brígida, Paulo Afonso e região.

Eram Luiz Gonzaga, Luiz Vieira e Ariano Suassuna recebendo o novo morador!

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PS: Concluía esse texto quando me chega a notícia da viagem de outro grande, renomado cantador, poeta, repentista, Valdir Teles. “Paraibano de Livramento, no Cariri paraibano, o repentista Valdir Teles, um dos maiores nomes da poesia oral brasileira, teve sua morte anunciada nesse domingo, pela filha, a advogada Mariana Teles, em seu perfil no Facebook. A provável causa da morte foi um infarto. O poeta estava com 64 anos, e faleceu no Sítio Serrinha, onde morava, na Zona Rural de São José do Egito (PE), no Sertão pernambucano, sua cidade natal.”

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Outras fotos da homenagem que a ALPA prestou ao Poeta João Soares em Sessão solene realizada no dia 11 de Outubro de 2019, na Câmara Municipal de Paulo Afonso, quando também aconteceu a posse da nova diretoria desta Academia de Letras de Paulo Afonso.




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2 comentários


Carmem

24/03/2020 - 14:36:40

Que Deus o tenha


Jaime jackson

24/03/2020 - 09:42:40

Meus sentimentos a família do poeta e cantador João Soares.Que o Senhor dos Exércitos conforte seus corações. Os artistas tem um lugar especial lá no céu.


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