Há alguns dias vem circulando pelos grupos de Whatsapp uma imagem de uma grande barragem vertendo muita água dos seus enormes vertedouros. Esse vídeo tem circulado como sendo as águas das barragens de Paulo Afonso-BA, que concentra 5 das usinas hidrelétricas da Chesf.
Não é verdade. Essa não é uma barragem do rio São Francisco. É uma barragem da divisa dos países Argentina e Paraguai e a imagem é do ano de 2018.
O rio São Francisco, que nasce na Serra da Canastra, em São Roque de Minas, estado de Minas Gerais percorre quase 3 mil quilômetros, banhando as terras dos estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, até desaguar no Oceano Atlântico entre esses dois últimos estados nordestinos.
A Bacia Hidrográfica do rio São Francisco tem 641 mil quilômetros quadrados e alcança, além desses cinco estados, o Distrito Federal e terras do Estado de Goiás.
No rio São Francisco foram construídas as seguintes barragens:
Três Marias, em Minas Gerais, que está cheia, com 99,77 por cento e está liberando águas.
Sobradinho, na Bahia, que está com 72 por cento de sua capacidade que é de 34 bilhões de metros cúbicos de água.
Itaparica, em Pernambuco, como está com 37 por cento de sua capacidade de acumular 11 bilhões de metros cúbicos de água.
Moxotó, na Bahia, em Paulo Afonso. Tem a capacidade de 1 bilhão de metros cúbicos de água que alimentam a usina Apolônio Sales e as usinas Paulo Afonso, 1, 2, 3, através do pequeno reservatório Delmiro Gouveia e Usina Paulo Afonso 4, por um canal que forma pequeno reservatório.
Xingó, um reservatório de 3 bilhões e 200 milhões de metros cúbicos de água totalmente dentro do cânion do rio São Francisco, de 65 quilômetros de extensão, começando em Paulo Afonso até a barragem de Xingó, em Canindé do São Francisco.
Como aconteceram algumas enchentes em cidades da região, em face de grandes chuvas localizadas nesses municípios, como Santana do Ipanema, Águas Belas, Afogados da Ingazeira, Serra Talhada, criou-se ainda mais um clima para pessoas irresponsáveis e criminosas saiam com falsas informações. Por isso que é importante que leitores esclarecidos, sites sérios, grupos de whatsapp, não repassem essas informações antes de checarem a sua veracidade.
A Chesf acaba de divulgar uma nota informando que não há nenhuma previsão para a abertura de suas comportas e formação das cachoeiras de Paulo Afonso.
Embora, de fato, a informação oficial seja obrigação da Chesf, por morar em Paulo Afonso há mais de 65 anos e ter desenvolvido estudos e teses de pós-graduação e de mestrado exatamente sobre o rio São Francisco e seus benefícios nessa região dos Lagos do São Francisco e ter trabalhado na Chesf por mais de 36 anos e publicado livros e outras publicações sobre a região resolvi, em atenção aos leitores e internautas, tornar públicas informações sobre os lagos da Chesf e sua situação atual, tomando por base as próprias informações da Chesf na sua página www.chesf.gov.br.
O Lago de Sobradinho tem a capacidade de acumular 34 bilhões de metros cúbicos de água. E está com apenas 72 por cento de sua capacidade.
Quando liberadas as águas de Sobradinho ainda vão para o Reservatório de Itaparica que possui a capacidade de acumular 11 bilhões de metros cúbicos de água e está com apenas 37 por cento de sua capacidade.
Só quando esses dois lagos estiverem com sua capacidade total de 100 por cento, o que ocorreu pela última vez em 2009, é que as águas são liberadas aos poucos e voltam a formar as cachoeiras de Paulo Afonso, também controladas por sistemas de comportas no reservatório de Moxotó (capacidade de 1 bilhão de metros cúbicos) do pequeno reservatório Delmiro Gouveia, com vários sistemas de comportas - Braços Principal, Quebra, Taquari e Capuxu ou ainda pelo Canal de PA-4, podendo as águas serem liberadas pelos vertedouros da Usina PA-IV.
Há mais de 10 anos a Cachoeira de Paulo Afonso, que sempre foi o maior dos atrativos turísticos da região, está seca e só voltará a ter águas quando os reservatórios de Sobradinho e de Itaparica estiveram com o seu volume de águas, de de mais de 45 bilhões de metros cúbicos, em 100 por cento de sua capacidade ou muito perto disso.
Também Xingó, cujo reservatório fica dentro dos paredões do cânion do rio São Francisco, nos 65 quilômetros, de Paulo Afonso a Xingó, com capacidade de 3 bilhões e duzentos milhões de metros cúbicos, há grandes vertedouros para a liberação de águas.
Os lagos de Moxotó e de Xingó vivem sempre cheios e todo o controle da vazão do rio São Francisco é feito pela Chesf no Reservatório de Sobradinho, que alimenta os outros reservatórios da Chesf.
Ao longo de sua história a Chesf sempre controlou, a liberação dessas águas, quando preciso e sempre que realizou essas manobras, fez intensa divulgação com bastante antecedência, para todos os municípios e populações ribeirinhas do rio São Francisco.
Estamos confiantes que a Chesf de 72 anos de atividades mudando a história do Nordeste continuará informando a todos das variações das vazões do rio São Francisco, não só através do seu Portal na internet mas, levando essa informação através de todos os veículos de comunicação da região para que se tenha a paz e a tranquilidade e as pessoas que não têm acesso a internet possam também ser informadas de forma fiel por esta grande empresa de que todos nós, nordestinos nos orgulhamos.
Realmente, Ronaldo, erro de digitação. Obrigado pela observação. Já corrigido. Abraço fraterno.
ESPETACULAR SUAS INFORMAÇÕES, CRESCI A MARGEM DO RIO SÃO FRANCISCO E ME INTERESSO POR SUA HISTÓRIA. TALVEZ TENHA HAVIDO ALGUM ERRO DE DIGITAÇÃO NO NÚMERO QUE SE REFERE A BACIA HIDROGRÁFICA, ONDE DIZ 641 MIL METROS QUADRADOS, DEVE SER 641 MIL KM QUADRADOS.MEUS PARABÉNS.
Obrigado por esta informação realmente esclarecedora
A Folha sertaneja é uma fonte inesgotável de informação Obrigada Galdino.
Nossa gratidão. Um grande abraço em você, meu caro Galdino. Felizmente guardo a lembrança viva da Cachoeira de Paulo Afonso. Viva!
Infelizmente, a probabilidade de termos cachoeira novamente é remota. A menos que tivéssemos um dilúvio. Mesmo assim. seria por pouco tempo.A projeção de Sobradinho é encher durante as chuvas e ir soltando a água para o sistema durante o resrante do período ou do ano. Esse sobe e desce foi projetado para um ano. Infelizmente, para os saudosistas, com razão. Valeu o esclarecimento de Galdino