Já faz um tempinho que tenho mostrado, em artigos desse site e no Jornal Folha Sertaneja, a necessidade de se ter, em livros, documentários, o registro belíssimo da história do município de Glória, Bahia, mãe do município de Paulo Afonso e de vários outros como Chorrochó, Rodelas, Macururé...
Quando a minha família e milhares de outras que chegaram buscando trabalho nas obras da Chesf, no meu caso, em 20 de novembro de 1954, os meus pés, e de todos, pisaram pela primeira vez na Bahia, nas terras de Santo Antônio da Glória, antiga Curral dos Bois, cujas origens remetem a Garcia D`Ávila, há séculos passados, por volta de 1.705.
Consta em registros encontrados na internet que esse nome Curral dos Bois era pelo fato de ali, pela abundância de água e vastos campos, chegavam ao lugar grande número de boiadas que para ali afluiam à procura de pouso, na sua jornada para as grandes feiras como Feira de Santana, na Bahia. Esse “pouso de boiadas” contribuía para o desenvolvimento do comércio local. De Glória, também se diz:
“Numa piedosa homenagem ao padroeiro local, o primitivo 'Curral dos Bois' teve o seu nome substituído pelo de Santo Antônio da Glória, um testemunho de fé de seus habitantes que se vinham beneficiando com os ensinamentos da doutrina cristã, ali ministrada por um abnegado grupo de religiosos que, propagando a fé, zelavam pela manutenção dos bons costumes entre os residentes.
O povoado foi elevado à categoria de Vila pela Lei Provincial nº60 de 08 de abril de 1842.
A Lei Provincial Nº 2.553 de 1º de maio de 1886 criou o município de Santo Antônio de Glória, com sede em Santo Antônio da Glória do Curral dos Bois e território desmembrado do município de Jeremoabo. Sua instalação verificou-se a 7 de janeiro de 1887”.
Com tantos anos de vida, histórias é o que não faltam.
Quando a Chesf construiu a Barragem do reservatório de Moxotó, que acumula 1,2 bilhão de metros cúbicos de água, toda a cidade de Glória e povoados importantes com a Barra e outros ficaram debaixo dessas muitas águas e em recente artigo neste site eu provoquei os estudiosos, pesquisadores, seus filhos ilustres e as autoridades glorienses para que não deixassem ficar debaixo dessas águas todas as memórias e histórias deste município de tão grande espaço geográfico que vários outros ocupam imensas áreas do seu território original.
Mais recentemente, conversei com Eid, Secretário de Turismo de Glória, que esteve prestigiando a 4ª Bienal do Livro e também com os acadêmicos da ALPA, os irmãos Lúcia Teixeira e Gilmar Teixeira, nascidos em Glória.
Quando participei de um trabalho para o Sebrae de Pernambuco, a pedido da Chesf, no final do século passado, sobre as potencialidades turísticas de mais de 25 municípios da Bahia, Alagoas, Sergipe e Pernambuco, a equipe que coordenei ficou com a incumbência de trabalhar os municípios de Glória, Paulo Afonso e Santa Brígida, na Bahia, além de outros municípios em Alagoas e em Pernambuco. Conversamos com o prefeito da época e já ali, procuramos sensibilizá-lo para o resgate da história e da memória de Glória. Subimos a Serra do Retiro e conversamos com algumas pessoas...
Em um dos meus livros e revistas, reproduzi um texto do Sr. Manoel Moura, que havia sido vereador em Glória no tempo da emancipação política de Paulo Afonso e depois foi o autor do projeto de emancipação e o primeiro prefeito de Rodelas/BA.
Esta semana, recebi de Manoel Rozendo, um vídeo gravado pelo comunicador Ninoflá mostrando outro importante atrativo de Glória, o Cruzeiro do Sargento Bilé, pai deste chesfiano aposentado, Manoel Rozendo e outros filhos ilustres.
Restaurado, com as estradas de acesso melhoradas, o Cruzeiro do Sargento Bilé é um marco, primeiro do registro de sua fé pois, vítima de um acidente, como narram seus filhos, prometeu que, se curado fosse, ergueria um cruzeiro, em lugar bem alto e assim o fez, segundo Manoel Rozendo, há mais de cinquenta anos.
O turismo religioso, a visita a capelas, igrejas, monumentos e cruzeiros, as vias-sacras, construídas há anos, até séculos passados, continuam sendo muito procurados para visitação pelos fiéis católicos e, no Nordeste é muito comum que sejam encontrados esses espaços.
A história de Glória, na Bahia, é alicerçada nos princípios religiosos, especialmente dos que professam a fé católica, identificada e reverenciada por estes nesses símbolos, como acontece em Glória e, mais fortemente nessa região, também em Santa Brígida, o que é mais forte, segundo os sociólogos, antropólogos e outros estudiosos, em municípios cuja população maior se concentra na zona rural, como é o caso destas cidades citadas.
A visitação periódica e programada ou apenas estimulada pelos gestores municipais a esses pontos e certamente a muitos outros – até aos que estão debaixo das muitas águas a partir da promoção, por empresas especializadas em mergulhos – certamente irão, por um lado, manter vivas as tradições do lugar e, por outro, permitir o desenvolvimento regional com a oferta de emprego e renda para os seus moradores com o crescimento do comércio local.
Acredito que o atual prefeito de Glória, e as secretarias da Prefeitura, os vereadores deste município, as instituições culturais, podem surpreender positivamente com projetos e ações de apoio ao resgate da história e da memória de Glória, “terra mater”, de tantos outros municípios à sua volta.
Veja o vídeo abaixo.
(Antônio Galdino, com fotos extraída do vídeo da TV Ninoflá)
Poderia me informar se a família do Sr Manoel Rozendo morou em São Paulo? Família procura por Manoel Rozendo
Poderia me informar se a família do Sr Manoel Rozendo morou em São Paulo?
Meu amigo Galdino. Vc é um historiador nato. Sempre quando tenho oportunidade afirmo seu pontencial de escritor que tem um acervo de memórias que merece ser valorizado. As autoridades têm que valorizar a Folha Sertaneja para levar para a Bahia, ao Brasil e ao mundo estas memórias que não podemos esquecer. Deus lhe abençoe dando paz e saúde e muito sucesso à Folha Sertaneja. Muito obrigado em nome de toda a família ROZENDO. Seu amigo Manoel ROZENDO Filho. Filho mais velho de Manoel ROZENDO, o Sargento Bilé.