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Turismo

O Turismo em Paulo Afonso está acordando?

Publicada em 06/04/25 às 14:53h - 146 visualizações

Antônio Galdino


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O Turismo em Paulo Afonso está acordando?
 (Foto: Acervo Antônio Galdino e Arq. Jornal Folha Sertaneja)

O Turismo em Paulo Afonso está acordando?

Antônio Galdino da Silva

Este foi o tema do Editorial do Jornal Folha Sertaneja do mês de março e será, - através dos eventos sobre o cangaço que envolve o turismo e a cultura - da Edição Especial do Jornal Folha Sertaneja que será lançada em 15 de abril sobre a maratona de eventos realizados em Paulo Afonso entre 24 e 30 de março.

E esse assunto, quando eu nada sabia sobre ele e ainda menino cruzei, numa grande barcaça, o rio São Francisco, em Glória, em 20 de novembro de 1954, quando minha família chegou a Paulo Afonso, essas belezas têm me fascinado, ao longo das décadas. 

No ano de 2001, concluí uma especialização em Turismo na UNEB. Em 2005, concluí um Mestrado em Ciências da Educação - Turismo - em Lisboa, Portugal. Estou agora concluindo um livro com o material destas minhas defesas acadêmicas sobre o assunto, revisto e atualizado e lamento que a falta de apoio no tempo certo e depois a saúde e a idade já limitem os meus desejos de voar...

Falar, escrever, sobre esse tema, carrega grande carga de emoção assim como foi atuar como gestor público de escalão sem autonomia e como presidente de Conselhos de Turismo - Municipal e Regional - foram missões que desenvolvi por décadas e, antes como agora, tudo isso tem soado como um eco nos paredões do cânion, repetido e intenso, mas, apenas ecoa, repercute, se repete no espaço... Um eco, apenas, desde os tempos pós-Abel Barbosa, quando muito se fez como foi possível fazer naqueles tempos...

Há décadas tenho pregado nesta região como se fosse em um deserto habitado por surdos e gente de visão embaçada, quando tenho falado em Turismo como oportunidade de desenvolvimento regional.

Em outros momentos, encontrei e até vivenciei esse assunto como os dois lados de uma gangorra. Em um tempo, esteve em alta, em evidência, mereceu cuidados que lhe permitiram uma vida razoável. Em outros, parecia o turismo ser o vilão da história. Nem se queria falar muito dele, afinal, como cheguei a ouvir, “turismo não dá votos”.

Em que pese os grandes estudiosos desse assunto continuarem afirmando, e já faz um bom tempo, que o Turismo pode ser a grande fonte de receita, de geração de emprego e renda para os lugares onde ele é tratado com seriedade, há lugares que estão cercados de muitos atrativos e eles são ignorados por muitos gestores...

Uma prova real dos benefícios do turismo é o que acontece em países como a França, Espanha, Itália e, mais recentemente Portugal e dezenas de outros que têm no turismo grande parcela ou a maior parcela da sua receita e, nem sempre, eles têm tantos atrativos e até precisam inventar alguns...

Em Paulo Afonso, o Ministério do Turismo, em um inventário feito a seu pedido pela Fundação Getúlio Vargas, nos idos de 2010, encontrou tantos atrativos nesta região, que colocou Paulo Afonso entre os 115 destinos turísticos do Brasil, em um universo de mais de 2.300 municípios turísticos do país, na época.

Paulo Afonso tornou-se o centro, a sede do Conselho Regional da Zona de Turismo Lagos e Cânions do São Francisco, de que tive a felicidade de defender sua criação em reunião promovida pela Bahiatursa no Centro de Convenções da Bahia em reuniões nos dias 17 e 18 de março de 2009, há exatos 16 anos, de que participaram 98 municípios turísticos da Bahia.

Não foi tarefa fácil criar a Zona de Turismo Lagos e Cânions do São Francisco. Houve negociação com Juazeiro e municípios que formavam a Zona de Turismo Vale do São Francisco, que incluía Paulo Afonso e outros municípios, sem nenhum benefício, e com a Bahiatursa e o Fórum Estadual de Turismo.

Até que, em reuniões do Centro de Convenções da Bahia nos dias 17 de março, com a participação de 98 municípios turísticos da Bahia, ela foi aprovada e em 18 de março de 2009, a Zona de Turismo Lagos e Cânions do São Francisco foi confirmada, pelo Fórum Estadual de Turismo da Bahia, formado por várias grandes instituições sediadas no Estado, como Banco do Nordeste, UNEB e outras Universidades, SEBRAE, SENAC e várias outras e presidido pelo Secretário Estadual de Turismo que, naquele tempo, era Domingos Leonelli.

(Veja matéria completa no site https://www.pa4.com.br/noticias/1508/, publicada em 24/03/2009  às 02:23.)

Criada essa ZT, teve como benefícios imediatos: o MTUR fez esse inventário citado, o Conselho Regional desta Zona Lagos e Cânions – CRTUR, passou a ter assento no Fórum Estadual de Turismo, a Bahiatursa passou a produzir folheteria e marketing da nova Zona de Turismo mundo a fora.

Faz tempo que não se sabe por onde anda o Conselho Regional desta Zona Lagos e Cânions do São Francisco, assim como pouco se sabe de informações sobre o Conselho Municipal de Turismo...

Estudos sobre o Turismo em Paulo Afonso têm mostrado quão valiosos são os seus atrativos, infelizmente muito pouco divulgados, trabalhados com profissionalismo ou valorizados pelas gestões municipais e os que conhecem esses tesouros ficam intrigados pelo pouco valor que lhes dão.

Foi essa a impressão colhida pela escritora Doris Huschmann, autora de livros como Turismo e Planejamento Sustentável e Marketing Turístico que conheci no XII Encontro Nacional de Geógrafos, em Florianópolis em julho de 2000, quando apresentei a minha monografia de Turismo da UNEB e, tempos depois, ela veio, pelo Sebrae Nacional, conhecer o potencial turístico de Paulo Afonso.

Foi assim com o arquiteto Alejandro Luís, que em 1996 fez importante trabalho a pedido João Paulo Maranhão Aguiar, Assessor da Presidência da Chesf, identificando a grande potencialidade do turismo em Paulo Afonso, com especial foco para as suas muitas águas, porque, naquele tempo, a Chesf estava preocupada como a possibilidade de esvaziamento da região, como encerramento do ciclo de grandes obras, da Hidrelétrica durante 50 anos, concluídas com a Usina de Xingó. 

Na época, Alejandro escreveu que a Cachoeira de Paulo Afonso era Nota 10, como atrativo turístico e que, se fosse aberta, restaurada, mesmo que periodicamente, seria motivo de atração para grande número de visitantes...

Foi assim com o Sebrae de Pernambuco que realizou, também por iniciativa de João Paulo Maranhão Aguiar, por vários meses, um estudo em 25 municípios dos Estados da Bahia, Alagoas, Sergipe e Pernambuco, que se limitam com Paulo Afonso e gerou o relatório “Região dos Lagos do Rio São Francisco – Potencial Turístico: uma oportunidade de negócios, onde Paulo Afonso se destaca.

E foi também assim quando ouvi do meu arguidor em Lisboa-Portugal, o Professor Doutor Xavier, quando ali defendia minha tese de Mestrado sobre o Turismo em Paulo Afonso e na Região dos Lagos do Rio São Francisco que, em breve será publicado em livro, inicialmente online, revisto e atualizado.

O Professor Doutor Xavier, ao me aprovar disse, sério: “Eu só não entendo como vocês têm tanto e não têm nada...”

Ao longo dos anos, muitos atrativos têm-se perdido no tempo, todos por decisão de algumas pessoas. A Cachoeira de Paulo Afonso, pelas barragens que cercaram o rio São Francisco, embora não esteja morta, apenas adormecida e pode voltar nas grandes cheias do rio São Francisco ou se for programada para isso periodicamente.

O teleférico que, por decisão da Chesf, não funciona à cerca de 15 anos, para atender aos turistas, como sempre aconteceu, desde quando era um bondinho de madeira que passava por cima das Quedas do Croatá e ia até a Ilha do Urubu, onde está o Mirante da Cachoeira de Paulo Afonso e da Usina de Angiquinho...

O Modelo Reduzido de Paulo Afonso, um grande laboratório que mostra a barragem Delmiro Gouveia, as Usinas hidrelétricas da Chesf, as cachoeiras, o início do cânion e as casas, tudo em escala 1:75, que encantava adultos e crianças que se sentiam gigantes naquele cenário, assim como os que visitam o Mini-Mundo, em Gramado-RS. Há muitos anos não é aberto à visitação, também por decisão da Chesf.

O Grande Hotel de Paulo Afonso, que já viveu áureos tempos, inclusive como Tropical Hotel, da VARIG, está se acabando e desde 2009 foi sugerido que ele fosse transferido ao governo do Estado da Bahia e ali se instalasse o SENAC, com hotel e restaurante escola para atender a toda essa região. Preferem que o tempo se encarregue de destruir esse rico patrimônio localizado na borda do cânion...

Imagino que todos esses atrativos podem voltar a qualquer momento, a depender do diálogo entre os gestores públicos e privados, porque também tudo depende da decisão de pessoas...

Lago do Touro e Sucuri em 31/3/2025

Outros atrativos como os pequenos lagos, como o Lago do Touro e Sucuri, muito fotografado e filmado pelos visitantes, assim como outros lagos, precisam de revitalização definitiva.

Reservatório de Moxotó banha três Estados: Bahia, Alagoas e Pernambuco

Os grandes lagos, reservatórios imensos como o de Moxotó e o do Cânion do Rio São Francisco, que têm sido ignorados, continuam sendo grandes tesouros adormecidos e, com diálogos sérios e apoios podem despertar e se criar um novo tempo nesse Oásis Sertanejo, como, por exemplo, aproveitar-se a imensidão das águas do Reservatório de Moxotó cujas águas banham terras da Bahia, Alagoas e Pernambuco. Um passeio interestadual...

Pois, então, o que se viu nas ações da gestão municipal criando a Semana Oxente Cangaço, entre 24 e 30 de março e apoiando a realização da 39ª edição do Cariri Cangaço em Paulo Afonso, soou como uma mudança de rumo da gestão municipal sobre o assunto, uma pequena luz que aparece no final do túnel. Um primeiro passo, positivo e muito aplaudido, para um novo amanhecer...

Obviamente que, o descaso de tantas décadas, a pouca seriedade como esse tema foi tratado, exige do prefeito e dos gestores dessa área um grande trabalho, uma retomada, aos olhos atuais, de alguns caminhos há muito conhecidos e a abertura de outros caminhos...

Desperta, assim, nos que acreditam que o turismo traz emprego e renda para o munícipio, a esperança que dias melhores poderão vir, se os responsáveis por estas áreas – turismo e cultura – que se completam, tiverem a humildade e a habilidade de saber ouvir, de buscar parcerias e interação com empresas, instituições e municípios desta Região dos Lagos e Cânions do São Francisco e do Sertão e Raso da Catarina e, certamente, Paulo Afonso, que tem tanto, pode ter, de fato, muito e mostrar ao mundo que é capaz de deixar ainda para esta e para as próximas gerações, a descoberta do brilho, da riqueza desses tesouros adormecidos nas águas do Rio São Francisco e na beleza também esquecida da Caatinga, das Serras, do Sertão, do Raso da Catarina.

Baixa do Chico - Raso da Catarina - Povoado Juá

Serra do Umbuzeiro - Povoado Riacho

Como acompanhamos as ações do turismo em Paulo Afonso há mais de 45 anos, sabemos que, se não houver mais que apoio total do gestor municipal, mas comprometimento do gestor e busca de apoio em outras esferas e envolvimento intenso e amplo conhecimento da área pelos colaboradores,  a tarefa não será fácil, mas nada é impossível ao que crer que pode realizar. E tudo o que se disse, é apenas uma introdução de uma história ainda mais complexa e fascinante.

Que estas ações de março de 2025, permitam a cada um de nós, imaginar que seja o renovar da nossa esperança que turismo está acordando em Paulo Afonso.

É o que esperamos e vamos acompanhar...  

Antônio Galdino da Silva

Especialista/Mestre em Turismo

UNEB e Univ. Internacional de Lisboa/Portugal

Cidadão de Paulo Afonso




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1 comentário


Emiliana Bento

07/04/2025 - 09:08:47

Uma cidade com tanta beleza, de uma cultura riquíssima, precisa ser aproveitada.


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